Com informações do Portal ND+
Além dos correligionários de Itajaí, o governador que não conversa com outros representantes eleitos e se ausenta de reuniões estratégicas entre governos estaduais e federal, ficou pasmo com a decisão sobre a gestão do porto em Itajaí e resolveu dissolver sua angústia nas redes sociais após decisão pela federalização das operações.
Desde o anúncio oficial da federalização do Porto de Itajaí, feito nesta terça-feira (17) pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, autoridades catarinenses têm se manifestado a respeito do futuro do terminal.
O advogado João Paulo Tavares foi nomeado pelo Governo Federal para conduzir as negociações relacionadas ao Porto de Itajaí. O objetivo é buscar uma solução para as questões envolvendo a administração e a operação do terminal portuário. Como parte desse processo, a primeira reunião ocorreu neste domingo (15), com a presença do ex-deputado federal da região e atual presidente do Sebrae, Décio Lima.
Quem é João Paulo Tavares?
João Paulo Tavares Bastos Gama, de 48 anos e natural de São Paulo, está em Itajaí desde 1994. Formado em Direito, ele possui MBA em Direito Tributário pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Tavares foi presidente da OAB de Itajaí, conselheiro Federal da OAB e ocupou cargos importantes na administração pública, como secretário de Administração, procurador-geral do Município e diretor-presidente do Instituto de Previdência de Itajaí.
Veja o que autoridades falaram sobre o anúncio da federalização do Porto de Itajaí
Jorginho Mello
O governador catarinense Jorginho Mello (PL) fez duras críticas ao anúncio em vídeo publicado após a reunião que marcou o início do processo, ocorrida em Brasília. Na publicação, Mello deixa claro que entrará na Justiça contra a descentralização.
“Estou indignado com a decisão do governo federal de transferir a autoridade portuária para São Paulo. O povo de Itajaí não aceita isso. A assinatura foi para um advogado da cidade, mas subordinado à Companhia Docas de SP. Isso é uma vergonha, Santa Catarina não merece essa sacanagem. Vamos à justiça!”, escreveu.
Enquanto ele se manifestava nas redes, falando para o seu reduto eleitoral, os operadores foram as vias de fato, marcando presença em reunião decisiva.
Conforme o presidente da Intersindical Laboral do Porto de Itajaí, Ernando Correio Jr., os trabalhadores teriam invadido a reunião, na qual o prefeito eleito Robison Coelho também estava presente.
“Lamentamos que foi enfiado de goela abaixo a decisão de federalizar. Invadimos a reunião e deixamos claro para o secretário de Portos e a autoridade portuária de Santos que estavam presentes que, se não houver a revogação da decisão, estamos decididos a ir até a morte”, afirma Correio Jr.
Representante dos sindicalistas se reunirá em Brasília com secretário dos Portos na próxima semana
Segundo o superintendente do Porto de Itajaí, Fábio da Veiga, a reunião pela manhã recebeu uma comitiva de técnicos de Brasília e de Santos, juntamente com o secretário nacional de Portos, Alex Sandro de Ávila.
O assunto era a federalização do terminal portuário, proposta que seria apresentada nesta terça-feira (10) para Lula, mas foi adiada em função do estado de saúde do presidente, que passou por uma cirurgia na cabeça.
“Como os trabalhadores portuários estavam querendo falar com ele, souberam que o secretário estava lá e foram umas 30 pessoas, mas o secretário conversou com o representante dos sindicalistas”, explicou Fábio.
“No mais, houve uma conversa um pouco áspera, mas sem nenhum grande incidente”, concluiu.
Governo justifica federalização do Porto de Itajaí
Segundo nota divulgada pelo Ministério, a federalização visa “fomentar o desenvolvimento econômico do estado de Santa Catarina, impulsionar a geração de emprego e renda e garantir a continuidade das operações portuárias”.
O texto publicado faz menção à paralisação das atividades dos navios de contêineres em dezembro de 2022, que só retornaram em 2024.
O retorno ocorreu após processo de alfandegamento que teve continuidade com a JBS Terminais, empresa que comprou parte da arrendatária provisória do porto em maio.
FIESC
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) e as demais entidades do setor produtivo haviam se manifestado contrárias à federalização da autoridade portuária de Itajaí.
De acordo com o presidente da Federação industrial, Mario Cezar de Aguiar, a decisão de federalizar a autoridade portuária foi unilateral, e faltou discussão com a sociedade catarinense. “Não houve debate com as entidades nem com as empresas, com quem efetivamente movimenta as cargas. Estamos preocupados com a dragagem do canal de acesso, indispensável para o funcionamento do complexo portuário de Itajaí”, destacou.
Volnei Morastoni
O atual prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (MDB), alega que, desde que assumiu a Prefeitura em 2017 defende a manutenção da Autoridade Portuária Municipal de Itajaí. Já foram mais de 30 ofícios enviados pelo Município de Itajaí sinalizando o interesse de renovação do convênio para manutenção da Autoridade Portuária na esfera municipal.
“Em janeiro daquele ano já enviamos documento ao governo federal fazendo essa solicitação e ao longo dos últimos oito anos tivemos diversas reuniões e mandamos inúmeros ofícios solicitando a permanência da gestão municipalizada em nosso terminal portuário”, diz.
O prefeito atribui o imbróglio a uma questão de política. “Infelizmente, desde a última eleição, sinto que a questão foi envolvida em uma polarização política que prejudicou muito esse pleito. A gestão municipalizada do Porto de Itajaí sempre foi um desejo nosso e acredito que também de toda a cidade”, finalizou.
Robison Coelho
O prefeito eleito Robison Coelho (PL), que assume a gestão de Itajaí em menos de 15 dias, também reagiu ao anúncio de federalização. Em nota, ele classificou a medida como uma “decisão unilateral, tomada sem a devida consulta aos diversos setores da sociedade, à população e aos representantes locais”.
“É uma decisão tomada de forma precipitada, sem o envolvimento de quem realmente entende a dinâmica do Porto e da cidade, e os impactos que ele tem para Itajaí”, afirmou Coelho. “Itajaí sempre foi um porto referência no Brasil, e essa mudança já foi ensaiada em 2023 pelos mesmos interlocutores”.