A comunidade se organiza para uma mobilização no próximo domingo (19), às 16h, em frente ao prédio da Sociedade Amigos de Piçarras (SAP), localizado na Avenida Emanoel Pinto, 1249, Centro. O movimento “A SAP é Nossa” tem como objetivo pressionar autoridades para que seja efetivada a posse do imóvel para a Fundação Cultural.
A propriedade foi transferida ao Poder Público pela diretoria da SAP em 3 de novembro de 2023, com a condição de que seja utilizada para abrigar o Centro Cultural Luiz Telles. Mas o local permanece ocupado pelo empreendimento particular Beach Bownling, que em 2 de fevereiro de 2024 entrou com um pedido de usucapião, alegando posse desde 2010.
Enquanto o município e a empresa que ocupa o espaço não entram em um acordo, a Fundação Cultural continua operando em um imóvel improvisado na Avenida Getúlio Vargas, 1113, alugado por R$ 12.327,08 ao mês, segundo o Portal da Transparência.
Em resposta a uma carta aberta à Fundação de Cultura e ao Prefeito de Balneário Piçarras, a Procuradoria do Município informou que:
“A empresa Beach Bownling se utiliza do fato de a SAP ter, por muitos anos, permitido que utilizassem o imóvel, sem a cobrança dos alugueis, para pleitear o reconhecimento da propriedade por ação de usucapião.” (Confira a íntegra da resposta da procuradoria em anexo).
Uma nova história
A SAP foi fundada em 20/01/1952, antes mesmo da criação do município, como uma organização da sociedade civil que atuou por demandas da comunidade, então pertencente a Itajaí. A entidade teve atuação decisiva para a emancipação de Piçarras e teve como primeiro presidente Francisco Leopoldo Fleith, que viria a se tornar o primeiro prefeito, em 1963.
O salão e a quadra da SAP receberam eventos sociais e culturais que a tornaram a principal referência para o esporte, as artes e o entretenimento até meados da década de 1990, quando as atividades foram gradativamente encerradas e o espaço passou a ser alugado. Desde então, eventos que revelam talentos da cidade e da região, como os festivais de teatro e música, passaram a ser realizados em espaços improvisados.
Mais de duas décadas depois, uma nova geração está entre os organizadores da manifestação pela retomada do espaço da SAP como palco da arte local. Para eles, a causa vai além de uma simples disputa judicial.
“A cultura de Balneário é motivo de orgulho e alegria para todos que cresceram aqui. É essencial que tenhamos um espaço próprio para dialogar com os diversos segmentos culturais. Precisamos preservar a nossa identidade e a nossa história. Por isso, a SAP precisa ser nossa”, defende Fabinho Henschel, músico, membro do Conselho Municipal de Políticas Culturais (COMPOC), presidente da Câmara Setorial de Música e integrante da Comissão “A SAP é Nossa”.
Espaço para crescer
A estruturação do Centro Cultural Luiz Telles em um local adequado para atender à crescente demanda do setor é a principal reivindicação do ato deste domingo organizado por representantes do COMPOC e outros segmentos da sociedade civil.
Além de um espaço físico, o grupo busca mobilizar a cidade para que seja criado um ambiente que permita ampliar as ações de valorização da cultura:
“Cada dia que passa sem a retomada da posse desse prédio para a comunidade é um dia a menos para que a cultura local possa florescer. Não podemos permitir que esse potencial se perca. A presença da comunidade é essencial para sensibilizar as autoridades e acelerar a resolução do impasse judicial”, acrescenta o produtor audiovisual Jonatan Gentil, também membro da Comissão.
