As praias de Penha, no Litoral Norte de Santa Catarina, têm sido palco de um fenômeno natural deslumbrante: a bioluminescência. Esse brilho azul na água é causado por dinoflagelados, pequenos organismos marinhos que emitem luz através de reações químicas. Esses organismos produzem luz quando a substância luciferina reage com o oxigênio na presença da enzima luciferase. Durante a noite, qualquer movimento na água, como ondas ou peixes nadando, desencadeia a bioluminescência, criando um espetáculo visual.
Algas coloriram o mar de Penha, no Litoral Norte de Santa Catarina, com o fenômeno da bioluminescência. À noite, elas deixam um brilho azul na água.
O fenômeno é ativado quando há movimento na superfície do mar, um estímulo mecânico. No vídeo, é possível ver o brilho quando se joga uma rede ou move-se um objeto na água.
A filmagem noturna, feita na noite desta sexta-feira (19), na Praia do Trapiche, em Penha, mostram as algas deixando um brilho azul na água.
De acordo com o mestre em Ciência e Tecologia Ambiental, Vitor Galvão, a multiplicação rápida desses dinoflagelados, conhecida como “bloom”, ocorre quando as condições ambientais – como temperatura, salinidade e nutrientes – são ideais. Embora essa visão seja mágica, ela também pode sinalizar mudanças ambientais ligadas à atividade humana.
“Além de nos maravilhar, esse fenômeno nos lembra da importância de preservar nossos ecossistemas marinhos. Manter as praias limpas e respeitar a vida marinha são atitudes essenciais para que possamos continuar a desfrutar dessas incríveis manifestações naturais. Aproveite o espetáculo, mas lembre-se de proteger o que torna isso possível”, esclarece.
Durante o dia, elas deixam uma coloração alaranjada no mar, o que caracteriza a maré vermelha, quando há a proliferação dessas algas. Em Santa Catarina, o fenômeno foi observado por curiosos que passeavam pela orla das cidades do Litoral Norte e foi vista em Balneário Camboriú e Florianópolis.
As microalgas encontradas não são reconhecidas por causarem problemas aos humanos em contato primário com a água, como banho por exemplo. A atenção está apenas para o consumo de moluscos cultivados nessas regiões (veja as orientações mais abaixo).
Grande escala
Segundo o biólogo Vitor Galvão, a maré vermelha está ocorrendo praticamente em todo o litoral catarinense, desde o Rio Grande do Sul. “Evento de grande escala similar ao ocorrido no ano de 2016”, destacou.
Há previsão, conforme o especialista, de que o evento, além de durar mais algumas semanas, alcance o litoral do Paraná e São Paulo.
As manchas avistadas são florações de dinoflagelados, popularmente, conhecidas como “Marés Vermelhas”. O especialista explicou que a multiplicação das algas ocorre por uma combinação de fatores meteorológicos e oceanográficos.
“Tivemos um outono muito chuvoso, condição que pode provocar esse tipo de evento, cuja duração pode perdurar por semanas ou até poucos meses”, disse.
Cuidados
A atenção dos moradores deve se voltar para o consumo de moluscos, como ostras e mexilhões, cultivados na região.
É importante a partir de agora que a gente monitore, fique atento, e que a população basicamente se preocupe com a questão da alimentação com frutos do mar, especialmente moluscos bivalves. Esses moluscos podem acumular toxinas produzidas por esse micro-organismos”, adverte.
A lista com moluscos afetados pela toxina pode ser encontrada no site da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).