Início Economia NO APAGAR DAS LUZES: Penha privatiza serviços de iluminação, telecomunicações e energia...

NO APAGAR DAS LUZES: Penha privatiza serviços de iluminação, telecomunicações e energia solar; TCE alerta sobre contratos em fim de mandato

A gestão chama a concessão em Parceria Público-Privada (PPP) de Cidade Inteligente que pode gerar economia de R$ 33 milhões; Ao Pexero Web, diretor do TCE aponta restrições.

0
O contrato, de 25 anos, foi firmado com a Quantum Engenharia LTDA, com sede em São José/SC.

O chefe do Executivo Municipal de Penha, Aquiles da Costa, assinou na última quarta-feira, 18, o contrato de licitação da Parceria Público-Privada (PPP) para uma concessão administrativa envolvendo iluminação pública, telecomunicações e usina fotovoltaica. De acordo com o governo, o projeto visa atrair mais de R$ 40 milhões em investimento para o município, garantindo uma economia aos cofres públicos em torno de R$ 33 milhões. O contrato, de 25 anos, foi firmado com a Quantum Engenharia LTDA, com sede em São José/SC.

O Edital de Concorrência Nº 03/2024 do Processo Administrativo Licitatório Nº 34/2024, iniciado em julho e concluído em novembro, teve a participação ainda de outras três iniciativas: 1) CONSÓRCIO PENHA LUZ, composto pelas empresas Brasiluz Eletrificação e Eletrônica Ltda. e CLD – Construtora, Laços Detetores e Eletrônica Ltda; 2) TRADETEK SOLUÇÕES EM ILUMINAÇÃO PÚBLICA E INFRAESTRUTURA LTDA.; 3) CONSÓRCIO TRANSFORMAR, composto pelas empresas Transformar Comércio e Serviço de Iluminação e Geração de Energia Ltda., Empresa Brasileira de Energia Ltda e, Logic Pro Serviço de Tecnologia da Informação Ltda.

De acordo com a nota oficial divulgada pela prefeitura de Penha, a Parceria Público-Privada tem soluções tecnológicas propostas de eficiência, operação e manutenção de 100% dos ativos de Iluminação Pública utilizando luminárias de LED; implantação, operação e manutenção de infraestrutura de telecomunicações por fibra óptica para suprir a demanda de internet de 63 edificações públicas e 13 pontos de acesso gratuito ao WI-FI para toda a população; implantação do sistema de videomonitoramento integrando os 201 locais de monitoramento por câmeras inteligentes; além de implantação de Usinas Fotovoltaicas de Geração Distribuída para compensação de créditos de energia dos consumo das unidades consumidoras de responsabilidade do Município de Penha.

ENTREVISTA COM PREFEITO AQUILES

O jornalista responsável pelo Portal Pexero Web, Luis Varela, conversou com o prefeito Aquiles da Costa sobre a concessão. O mesmo demonstrou em cálculos gerais e de cabeça como a PPP geraria a economia estimada.

Segundo ele, o custo de operação dos serviços que envolvem todas as soluções da PPP são atualmente contratadas individualmente e chegam a ultrapassar R$ 700 mil por mês ou, em uma conta mais simples feita de cabeça pelo próprio prefeito, R$ 8,4 milhões ao ano. Aquiles lista esses serviços da seguinte forma:

  • Câmeras de vídeo monitoramento da Urbanii: R$ 70 mil/mês
  • Custo da energia dos prédios públicos: R$ 120 mil/mês
  • Iluminação pública/Cosip: R$ 300 mil/mês
  • Internet: R$ 13 mil/mês
  • Serviços de manutenção iluminação pública Mercolux: R$ 60 mil/mês
  • Peças Mercolux: R$ 150 mil/mês

“O ganho está em repassar nos primeiros 14 meses de implantação a quantia de R$ 2.886.799,44, com mensais de R$ 206.199,96 para continuarmos tendo o mesmo serviço sem interrupções e otimizado ao longo do tempo”, projeta.

De acordo com Aquiles, após esse período de implantação será repassado mensalmente mais de R$ 500 mil por mês, com o total de R$ 160.110.417,60 até o ano de 2050 à concessionária. “Desconsiderando os reajustes anuais que serão vinculados ao IPCA e também à possibilidade de revisão ou aditivos de contrato para ampliação de demandas”, calcula.

“No longo prazo, ficando do jeito que está, em 25 anos, o Município de Penha gastaria R$ 210 milhões. Com a PPP, esse custo fica em pouco mais de R$ 162 milhões. Isso sem considerar os reajustes anuais que afetariam qualquer uma das operações”, completa.

Prefeito de Penha, Aquiles da Costa, recebe jornalista responsável do Portal Pexero Web enquanto assina orçamento 2025.

“A concessão visa melhorar a qualidade, uniformidade e eficiência dos serviços do Município de Penha, reduzir o consumo anual de energia elétrica, otimizar os custos de operação e manutenção dos ativos, auxiliar na manutenção da segurança pública e promoção do bem-estar social”, finaliza o Prefeito de Penha, Aquiles da Costa.

O QUE DIZ A QUANTUM ENGENHARIA?

Documentos da licitação da PPP indisponíveis para consulta.

O Projeto Executivo da concessão foi elaborado pelo Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades – IPGC, iniciativa privada com sede em Belo Horizonte, Minas Gerais. Esse projeto e o Estudo Técnico Preliminar não estão disponíveis no sistema de Consulta de Licitações da Prefeitura de Penha.

Foi também o IPGC que conduziu todo o processo da primeira PPP da Cidade Inteligente para os mesmo serviços que operam em Garopaba/SC, desde julho deste ano, quando a vencedora da concessão garopabense passou a fornecer os serviços no valor de R$ 116.755.347,00.

O município de Garopaba, desde então, repassa à mesma prestadora que se habilitou para operar os serviços em Penha a quantia de R$ 389.184,49 por mês.

Captura de tela da página da concessão da Quantum Engenharia do Município de Garopaba

A Parceria Público Privada da Concessionária em Garopaba recebe o nome de QLUZ GAROPABA e na página destinada à concessão vinculada ao domínio oficial do Município, o objetivo de prestar serviços de iluminação pública, energia fotovoltaica e telecomunicações.

Em Penha, a apresentação da concessionária também criou a identidade para o serviço de QLUZ Penha.

Em contato com a assessoria de comunicação da Quantum Engenharia, para saber se os serviços podem conter repasses de valores por terceirizadas aos contribuintes direta ou indiretamente, não conseguimos retorno até o fechamento da matéria.

O Prefeito Aquiles também não garantiu a respeito desses repasses e reajustes, mas esclareceu que a operadora pode manter serviços terceirizados, inclusive os atuais que já são contratados pela prefeitura, durante o inícios das operações.

MAS ESPERA AÍ… QUER DIZER ENTÃO

Lembra do Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades – IPGC, que fez o Estudo Técnico e Projeto Executivo e organizou todo o processo para concretizar a Licitação da Concessão? Esse instituto foi procurado pelo prefeito Aquiles em agosto de 2021, ainda junto com o então presidente da Câmara de Vereadores de Penha, Maurício Brokeveld, para trazer a Cidade Inteligente para Penha.

Questionado sobre a consultoria da AMFRI – Associação dos da Foz do Rio Itajaí, que o município de Penha já repassa valores de convênio para poder ser assessorado nesses projetos, Aquiles informou que o IPGC disponibilizou as soluções para as cidades da Região. “Até Itajaí já está com essa PPP em andamento para sair em breve”, justifica.

Quando perguntado sobre qual seria o ganho do IPGC em todo processo, Aquiles respondeu que o IPGC não cobra nada do município. “Nós não gastamos nenhum centavo até a conclusão da licitação nem durante a concessão. De acordo com a Lei da Parceria Público-Privada, de 2004, o instituto responsável por todo o processo pode negociar até 2% sobre o valor do contrato diretamente com a vencedora da licitação”, esclarece.

Ou seja, serão R$ 3.259.944,34 destinados ao IGPC diretos da Quantum Engenharia.

O QUE ORIENTA O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO – TCE/SC

Ao Portal Pexero Web, o Diretor-Geral de Controle Externo do TCE/SC, Sidney Antônio Tavares Júnior, esclareceu que é preciso estar atento às vedações em ano eleitoral dispostas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF – Lei n. 101/2000) e na Lei Eleitoral (Lei n.
9.504/1997).

Diretor-geral de Controle Externo, auditor fiscal de controle externo do TCE/SC, Sidney Antônio Tavares Junior. Foto: Mauricio Vieira/Divulgação TCE/SC.

“No que tange à LRF, no último ano do mandato, é proibida a assunção de
despesas que não possam ser quitadas integralmente dentro do mandato ou que
deixem restos a pagar sem disponibilidade de caixa suficiente (§1º do art. 42 da
LRF). Obras e serviços que já tenham sido contratados, licitados e que estejam em
andamento antes do período eleitoral e que observem a LRF, podem continuar
normalmente”, orienta.

Segundo ele, é recomendável evitar novos contratos de longo prazo em final de mandato que acarretem despesas significativas para a próxima gestão, sem a devida justificativa e
sem finalidade pública. Ressalta-se também que os atos que desrespeitem os
princípios legais (legalidade, eficiência, moralidade) ou violem as normas de
responsabilidade fiscal podem ser anulados administrativamente ou por decisão
judicial.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Sair da versão mobile